Pátio ferroviário do
SIA
Desvios ferroviários de areia
e do Moinho Jauense
Flavio R. Cavalcanti - Dez. 2012
O Moinho Jauense e o terminal de areia estão entre os mais antigos clientes do transporte ferroviário em Brasília.
O que não é tanto tempo assim, considerando que o transporte ferroviário regular de passageiros pela então VFCO (ainda na estação Bernardo Sayão) só teve início em 16 Dez. 1968 para São Paulo (Trem “Bandeirante” da Cia. Mogiana de Estradas de Ferro) e Belo Horizonte (Trem “Brasil Central”, da
Rede Ferroviária Federal) [Codeplan, Dez. 1970].
Porém, poucos meses antes Délio Araújo assinalava que a via férrea de Brasília a Pires do Rio (GO) ainda não estava consolidada (alguns aterros estavam cedendo); as obras de drenagem não estavam concluídas; e o lastro ainda não ultrapassava 7 centímetros. Segundo ele, os cargueiros largam o posto telegráfico
inicial do trecho nas sextas-feiras à noite ou no sábado, retornando nos
domingos. Isso porque o tráfego comercial não é permitido por enquanto;
sê-lo-á quando o Exército passar à Viação Férrea Centro-Oeste os trilhos
por ele assentados. Não é permitido o tráfego nos outros dias da semana [Délio Araújo. Um trem para Brasília, revista "Estrada de Ferro", Set.-Out. 1968].
As estatísticas da Codeplan para o tráfego de carga no biênio 1968-1969) não cita areia ou trigo, mas sapenas material de construção (com destaque para o cimento) e gêneros alimentícios. Ainda se aguardava a conclusão do terminal ferroviário para combustíveis, localizado no setor de inflamáveis do Setor de Indústria e Abastecimento [Codeplan, Dez. 1970]. Isto não é conclusivo de que já houvesse extensão dos trilhos de Bernardo Sayão ao SIA naquele momento.
Com a inauguração do Oleoduto São Paulo - Brasília (Osbra) no início da década de 1990 e consequente drástica redução do transporte ferroviário de combustíveis, o transporte de areia até então pouco significativo no total transportado ganhou importância relativa nas estatísticas, mesmo que talvez não tenha aumentado em termos absolutos.
No caso do trigo, é muito possível que atualmente já não seja importado por ferrovia (salvo excepcionalmente), uma vez que há alguns anos o Distrito Federal se tornou exportador.
As imagens de satélite disponibilizadas pelo Google em Nov. 2012 parecem indicar que o Moinho Jauense ainda mantém em bom estado os trilhos dos desvios ferroviários no interior de seu terreno, porém sem uso há um bom tempo, a julgar pela situação do portão para fora.
O triângulo ferroviário também está interrompido à esquerda, no Mapa Google (abaixo), por montes de areia. Ainda não encontrei indicação concreta de quanto (ou se) existiu.
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