Flavio R. Cavalcanti - Nov. 2012O viaduto da antiga RFFSA foi construído devido à abertura de uma "trincheira" ("vala" a céu aberto) cruzando seus trilhos, para passagem dos trens do Metrô DF entre o Guará e Águas Claras. Ainda não tenho a data exata da escavação da "trincheira" e das obras do viaduto para atravessá-la. Na época, infelizmente não dispunha de condições para acompanhar e documentar fotograficamente as obras de implantação do Metrô DF nem a explosão de ocupações desordenadas do solo no Distrito Federal.
Um levantamento da cronologia do Metrô DF, assinado por "Marcelo Almirante", situa em 6 Jan. 1992 a assinatura do contrato do governo local (GDF) com o consórcio Brasmetrô ("construtoras Camargo Corrêa, Serveng Civilsan, Norberto Odebrecht, Andrade Gutierrez, além das fornecedoras dos equipamentos elétricos Inepar CMW, empresa TCBR, autora do projeto"); em 15 Abr. 1992 a "aprovação do projeto conceitual"; e em 28 Ago. 1992 o "início das obras no Guará". Neste local, os trilhos da ferrovia cruzavam a faixa de domínio (leste-oeste) da linha de transmissão de Furnas Centrais Elétricas, que divide o Guará I do Guará II, e cuja utilização foi autorizada pela estatal Furnas para implantação do Metrô DF, evitando desse modo a necessidade de desapropriações de terrenos, derrubada de imóveis, indenizações, realocação de empresas ou moradores etc. Os trilhos da ferrovia, por sua vez, acompanham (norte-sul) o contorno oeste do Guará I e II, separando-os da faixa formada pela Colônia Agrícola Águas Claras.
No início da década de 1980, percorri os trilhos da RFFSA do Guará I até a estação ferroviária de Brasília, afinal aberta para receber o Trem Bandeirante. A área da Colônia Agrícola Águas Claras do outro lado dos trilhos, junto ao Guará permanecia praticamente deserta. No início da década de 1990, já se desenvolvia um setor de oficinas entre o Guará II e os trilhos da ferrovia, porém ainda bem distante deste local. A sequência de três imagens de satélite (abaixo) mostra o avanço da ocupação do solo em torno do viaduto ferroviário de 2002 a 2011. Os trilhos da ferrovia passam sobre o lado direito do viaduto, enquanto o lado esquerdo já era utilizado por carros e caminhões, em 2002, como ligação entre caminhos de terra batida da Colônia Agrícola Águas Claras separados pela trincheira do Metrô DF. Em 2008 essa utilização precária do viaduto parece "oficializada" pelo asfaltamento. A lógica sugere que a construção do viaduto tenha entrado na conta do Metrô DF, compensando a ferrovia pela abertura da trincheira transversal à via férrea já existente. O alinhamento reto da "rua" mantendo afastamento constante dos trilhos, mas se contorcendo para aproveitar uma banda do viaduto reforça a impressão de que o viaduto não foi projetado para tal compartilhamento com veículos rodoviários. O Mapa Google (embaixo, no final da página) mostra uma prática das pontes medievais um veículo precisa afastar-se para o lado e parar, para dar passagem a outro veículo vindo no sentido contrário. Com o asfaltamento dos caminhos, a passagem de veículos sobre os trilhos foi deslocado para junto do viaduto aumentando o risco de acidente. Na subida (sentido norte), com os vagões carregados e as locomotivas roncando pelo esforço extra, o barulho do trem pode ser ouvido à distância, no silêncio da madrugada. O mesmo não acontece na descida (sentido sul), com os vagões vazios, e o motorista que atravessa os trilhos da ferrovia pode ser surpreendido por um trem que sai do viaduto cercado pelos muros de vedação, a poucos metros. O balão (rotatória), dificultando a passagem de veículos um pouco mais longos, não ajuda a melhorar a segurança.
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