Longitudes
A determinação de um ponto
a leste ou oeste do meridiano zero
Flavio R. Cavalcanti - 7 Set. 2012
Sem satélites artificiais para olhar a Terra desde o espaço, a tarefa de desenhar o mapa dos continentes
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Helferich, Gerard. O Cosmos de Humboldt.
Ed. Objetiva, Rio de Janeiro, 2005,
p. 222-223
O trecho abaixo, de Helferich, oferece uma explicação bastante simples e clara do problema que representava, no início do século XIX, determinar a longitude de um local ou seja, seu meridiano e fração, em relação ao Meridiano de Greenwich (Londres), por exemplo:
(...) A latitude (distância a norte ou a sul do equador)
podia ser determinada pela altura de uma estrela polar ou do sol
em relação ao horizonte. Determinar a longitude (posição
leste-oeste) era mais complicado, pois exigia que se levasse em
conta também a rotação da Terra. Depois da
invenção de John Harrison do cronômetro em 1735,
o procedimento padrão para determinação da
longitude era marcar o meio-dia, ou o ponto mais alto do Sol no
céu, na posição do viajante, depois referir-se
a um relógio de precisão previamente acertado na hora
local em outro ponto, como Greenwich ou Paris. Comparando a diferença
de hora entre os dois lugares, o navegador poderia determinar sua
distância em relação à outra cidade,
uma vez que cada hora de diferença representava 15 graus
de longitude, ou aproximadamente 1.665 quilômetros no equador.
Na sequência, Helferich oferece uma ótima referência do estágio em que se encontravam os diferentes métodos que vinham sendo desenvolvidos, até o momento da segunda passsagem de Humboldt por Havana (Cuba):
Um método mais antigo para se determinar a longitude, criado
por Galileu no início do século XVII, usava os eclipses
das luas de Júpiter como uma espécie de relógio
universal. Esses eclipses, causados pela passagem das luas pela
sombra de Júpiter, são visíveis no mesmo momento
em cada ponto da Terra e podem ser previstos com precisão
matemática. Portanto, um viajante poderia anotar a hora local
de um eclipse, compará-la com as tabelas publicadas que davam
a hora estimada da ocorrência do eclipse num dado ponto da
Terra, e usar a discrepância entre as horas para calcular
a diferença de longitude entre o ponto de referência
e a posição do viajante, cronometricamente.
Talvez ansioso para testar as novas tabelas de navegação
que lhe foram dadas pelo capitão inglês Garnier, foi
este último método que Humbold escolheu nesta ocasião.